top of page

Programa nuclear secreto de Israel inclui até 90 bombas atômicas

  • Foto do escritor: Blog Nova Síntese
    Blog Nova Síntese
  • 19 de jun.
  • 3 min de leitura
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Apesar de Israel condenar veementemente qualquer esforço do Irã para adquirir armas nucleares, diversas fontes históricas apontam que o próprio país mantém, desde a década de 1950, um extenso programa nuclear não oficial. Estima-se que Israel tenha produzido pelo menos 90 ogivas atômicas, e esse número pode ser ainda maior, conforme indicam a Federação de Cientistas Americanos e a Associação de Controle de Armamentos dos EUA.


Israel nunca confirmou nem negou oficialmente a posse de armas nucleares. Além disso, é o único país do Oriente Médio que não assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), o que o exime das inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), contrariando recomendações do Conselho de Segurança da ONU desde 1981.



De acordo com o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, da Universidade de Brasília, o programa nuclear israelense teve início com a construção da usina de Dimona, no sul de Jerusalém, dentro do projeto Soreq, sob a responsabilidade da Comissão de Energia Atômica de Israel.


O apoio incondicional recebido pelo país é alvo de críticas internacionais, principalmente pela ausência de pressões sobre seu arsenal atômico, em contraste com o rigor aplicado ao Irã.


Para Robson Valdez, professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), a postura das potências ocidentais revela um claro duplo padrão. “Israel desenvolve seu programa nuclear à revelia da AIEA. O direito internacional é aplicado rigorosamente a adversários, mas com condescendência a aliados como Israel”, afirmou.


Os primeiros reatores nucleares teriam sido fornecidos pelos EUA dentro do programa "Átomos para a Paz". Segundo Manoel Bandeira, Israel iniciou o desenvolvimento de armas nucleares sem o conhecimento formal de Washington, e a CIA só identificou as instalações anos depois.


Ali Ramos, cientista político e especialista em história do mundo islâmico, argumenta que os EUA preferiram ignorar deliberadamente o avanço nuclear israelense, apontando ainda a influência do lobby israelense nas agências de segurança norte-americanas como fator de omissão.


Segundo Moniz Bandeira, Israel também recebeu apoio técnico da França, que forneceu materiais e cientistas para o desenvolvimento dos reatores. Fontes da CIA, como Carl Ducketts, relataram que em 1968 Israel já possuía três bombas atômicas feitas com urânio enriquecido contrabandeado dos EUA. Ari Ben-Menashe, agente do serviço secreto israelense Mossad, afirmou que entre 1968 e 1973 Israel produziu 13 bombas nucleares, cada uma com poder destrutivo três vezes maior que as bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. O ex-presidente americano Jimmy Carter estimou que Israel possuía cerca de 150 ogivas nucleares em 2008.


A denúncia mais impactante veio do ex-técnico nuclear Mordechai Vanunu, que em 1986 revelou detalhes do programa ao jornal britânico Sunday Times. Por isso, foi condenado por traição e espionagem, cumprindo 18 anos de prisão, sendo 11 deles em regime de isolamento. Liberado em 2004, teve sua liberdade de locomoção restrita, mas afirmou à BBC não se arrepender: "Foi para salvar Israel de um novo holocausto."


A resolução 487 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada após o ataque israelense ao reator iraquiano de Osirak em 1981, condenou a ação e exigiu que Israel colocasse suas instalações sob supervisão da AIEA. O país nunca acatou essa determinação.


Em 2009, a AIEA voltou a pedir que Israel assinasse o TNP, mas a resposta israelense foi que se tratava de uma decisão soberana. Segundo Ali Ramos, o programa nuclear israelense é o único no mundo que não passa por nenhum tipo de inspeção internacional.


Além disso, o arsenal nuclear de Israel tem sido usado como instrumento de dissuasão e expansão territorial. Após consolidar seu domínio sobre a Palestina histórica em 1967, Israel usou a ameaça nuclear em 1973, durante a ofensiva do Egito e da Síria, para influenciar a postura dos EUA em relação à União Soviética. Naquele momento, o então ministro da Defesa, Moshe Dayan, colocou em prontidão 24 bombardeiros B-52 equipados com 13 bombas atômicas.


De acordo com Moniz Bandeira, a estratégia não tinha como objetivo o uso direto das armas, mas sim pressionar Washington a conter os aliados árabes. Esse episódio exemplifica como o poder nuclear israelense molda a geopolítica regional, apesar da falta de transparência e da recusa em se submeter às normas internacionais.

bottom of page